29 março 2015

Carta aberta...



                                           Carta aberta de  uma criança...aborrecida!


Estou farta…! 

Estou tão farta!

 Estou farta de bonecos de neve. Os bonecos de neve deveriam ser abolidos do Jardim de Infância…e os flocos de neve também. No jardim-de-infância os bonecos de neve deveriam
ser construídos se, e só se, nós, crianças, fizéssemos uma visita à Serra da Estrela ou a Montalegre!

 E também estou farta de celebrar a primavera em dias que parecem inverno! Porquê que me mandam celebrar a primavera sem nunca me terem levado a ver a primavera?! A cheirar a primavera… A tocar na primavera… A sentir a primavera! Mas o painel ficou bonito, os pais gostaram! E o coordenador também!

 E estou farta de fazer “flores de primavera”… e coelhinhos da páscoa… e pais natais… e coraçõezinhos… Aliás o problema não está em fazer, porque eu gosto de fazer. Eu até sou uma criança ativa com “boas competências ao nível da motricidade fina”. Mas, estou farta de fazer “trabalhinhos” exatamente iguais aos meus amigos da sala, e aos meus amigos de Lisboa, de Bragança, de Santarém, de Aveiro… Estou farta que não me perguntem como quero fazer… Estou farta que não me deixem pensar!

Sim, é exatamente isso. Estou farta de reproduzir. Quero pensar e refletir para poder criar! Isto mesmo, quero criar. Eu sei criar. E estou farta que não me deixem.

Ah, e estou farta de fazer trabalhinhos com materiais “recicláveis”. E acho muito engraçado quando a minha “professora” traz pratos de plástico (novos), palhinhas (novas) ou paus de gelados (novos) e me diz que vamos fazer um trabalho com materiais “reciclados”! Sim, estou mesmo farta de aprender a reciclar e preocupar-me com o ambiente quando, na realidade, sou levada a utilizar cerca de cinquenta folhas por dia… e cartolinas… e papel crepe… e papel vegetal… e papel, papel e mais papel! Quando o que eu gosto mesmo é de escrever na terra e cortar o vento!

 E estou farta que me digas o que vou dar ao meu pai e à minha mãe. Eu só quero e preciso que brinquem comigo! Que me amem. E os meus pais não precisam de mais nada além de mim! Precisam, simplesmente, que seja feliz! Mas aceito que queiras que eu lhes dê uma lembrança, é importante que celebremos as datas mais importantes. Agora ouve-me, por favor, ouve o que tenho para dizer! Sabes que não é por aceitar a lembrança do dia do pai e do dia da mãe que não deixo de estar farta  de celebrar todos os dias do calendário, certo?

Estou farta de outra coisa. Mas tenho medo de te dizer, não vás querer que eu fique sem o meu tempo preferido no Jardim de Infância: o recreio. Mas estou farta de ficar sentada a ouvir-te sem que me ouças a mim!
 E não sou apenas eu que estou aborrecida! Como eu há muitas outras crianças que estãofartas.
Fonte: apontamentosdainfancia.blogspot

Equlibrio .


Na perspectiva histórico-cultural, tomamos as crianças não só pelos condicionantes biológicos, mas também pelo papel que a infância ocupa no conjunto da sociedade, bem como relacionamos o processo de desenvolvimento motor, social e psicológico da criança.
A relevância desta pesquisa está em associar os aspectos cognitivos com o ato motor, na melhora do equilíbrio das crianças em relação às atividades motoras, tendo em vista que o aprimoramento desses aspectos repercute no desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e motor, de modo que realizar este trabalho coloca em destaque o lugar da educação física na educação infantil.
De acordo com Gallahue e Ozmun (2005), um número grande de crianças entra no ensino fundamental com um baixo nível de desenvolvimento motor, ao passo que acompanhando essas crianças,
sujeitos da pesquisa, tivemos condições de contribuir positivamente para o desenvolvimento delas.
No entanto, compreendemos que é o processo de aprendizagem que estimula o processo de maturação. Segundo Gomes-da-Silva 











Motricidade é a condição do corpo de ser mobilizado por situações reais ou imaginárias, e aplicar-se a atividades ou prestar-se a experiências. Assim, o corpo em movimento não se dispõe para um sujeito pensante como um instrumento para uma realização previamente estabelecida [...] o projeto motor que une a intenção (vontade) e a ação (gesto) como um ato consciente, sem pensamento interposto, interligado à ação
.
No desenvolvimento motor a criança realiza experiências sensório-motoras em que precisa refinar alguns padrões fundamentais de movimento. Para Gallahue e Ozmun (2003), o desenvolvimento motor é um processo de evolução para fatores internos e externos, considerando que o desenvolvimento depende das experiências motoras. Paim (2003) afirma que, quanto mais experiências motoras a criança realizar, maior será seu desempenho. Em relação ao equilíbrio motor, Gobbi, Menuchi e Uehara (2003) retrata que é a noção de distribuição de peso em relação a um espaço, tempo e eixo de gravidade, constituindo a base de toda a coordenação dinâmica global. Assim, o ato motor está associado à prática do equilíbrio corporal, que é importante para o processo de desenvolvimento da consciência individual e social da
criança. Entretanto, o equilíbrio postural é fundamental para a posição de equilíbrio estático e dinâmico. Segundo Guyton (1992):

Considera que para a manutenção do equilíbrio corporal estático é necessário que um
conjunto de estruturas funcione de maneira harmoniosa, que fazem parte desta estrutura: o sistema vestibular, os olhos, e o sistema proprioceptivo. A manutenção do equilíbrio geral é realizada pelo sistema vestibular, que detecta as sensações de equilíbrio.




Em associação ao equilíbrio motor, a cognição é um elemento importante para harmonizar o conjunto dos movimentos que formam as experiências do indivíduo. Como afirma Maturana e Verden-Zoller (2004), o equilíbrio é o balanceio ao redor de um ponto central, construção de uma dinâmica simétrica, busca de um ponto médio entre dois extremos em que as crianças têm a capacidade inata e a necessidade biológica de aprender a equilibrar-se, dominar e manter o equilíbrio sob muitas circunstâncias diferentes. A partir de uma perspectiva que considera o ser humano como totalidade complexa, em que não é possível dissociar corpo e mente, cognição, afetividade e motricidade, é que Suzuki, Gugelmim e Soares, afirmam que a abordagem terapêutica deve abranger todas as áreas de desenvolvimento da criança, uma vez que o desenvolvimento motor influencia profundamente no desenvolvimento cognitivo.
Com isso, tornando possível melhorar o desenvolvimento da criança, com práticas que estabeleçam esses dois indicadores, que são o motor e cognitivo.

Fonte:  http://www.fontouraeditora.com.br

25 março 2015

May...


 May my Soul Bloom, in love, for all of you..








A criança não vai viver no mundo em que nós vivemos e, portanto, tem o direito de construir o mundo em que vai viver. Conversando com uma criança de dez anos sobre guerra nuclear, ela nos disse: “Eu acho que os adultos têm inveja porque eles vão morrer, e a gente, criança, é que vai ficar, e aí, eles querem destruir o mundo”. Talvez essa criança tenha uma profunda razão no que diz. Muitas vezes queremos impor formas de ser, que, no fundo, apenas revelam como somos frustrados por não termos feito diferente ou porque somos incompetentes para mudar. A velha frase de que a criança de hoje é o homem de amanhã não deveria ser esquecida. Os adultos, de maneira geral e particularmente os professores, estão, freqüentemente, dominados por seus valores, sua moral, seus medos e ambições e tentam, a todo custo, impô-los às crianças. Muitas vezes essa imposição é feita de maneira suave, fazendo uso de “chantagem afetiva”; os pais, particularmente, utilizam muito este método, ao passo que os professores tendem a repressão pura e simplesmente, dizendo o que é certo e o que é errado.












24 março 2015

" Família e Sucesso escolar"

Foi com muito agrado que presenciei a conferencia co o Prof. Eduardo Sá.
Não sou fundamentalista nem acho que os livros eninam tudo, no entanto numa epoca de "crise de escola" de um ensino a precisar de se readapatar as novas crianças, é sempre bom ouvir alguém tão ilustre e que "reclama" do mesmo.

Casa cheia o lugar a perguntas foi muito curto.
Os esclarecimentos objetivos e animados so por quem sabe a mudança que se necessita...

Menos aulas ,mais recreios.
Sim aos feriados!
Crianças formatadas Não...
Educaçao alternativa precisa-se...


Um agradecimento especial á Fecapaf pela opurtunidade e ao prof. Eduardo Sá pela dedicatorio no livro para o novo Projeto da Titisu




22 março 2015

Ainda dançam?!



Num blog sobre crianças , mas visto e lido por adultos...
Na altura em que se fala tanto que crianças e  Adultos já nao sabem brincar...

Eu não seria Eu , senão partilhasse este video.

Deixem-nos Ser...

"A escola dos rankings,a escola dos meninos de porcelana( que começam juntos, no jardim de infancia e terminam juntos muitos mestrados integrados )a escola que confunde a necessidade de ligar pluralidade e singularidade com uma deriva de exclusividades ue se vão sucedendo, sem criterio está a MORRER.

A escola do futuro tem de ser uma escola de rosto humano.

... Porque se fala tanto da escola que da tanto ás crianças, mas não necessariamente o que elas precisam...

( Eduardo Sá)


Finalmente alguém que bem alto o disse tal como o venho dizendo:

_Tenho medo da formatação das crianças.

Crianças já não tem pensamento livre, situações as há, que nem vontades...
As horas são iguais para todas no mundo infantil.. comer,fazer xixi, brincar ...mais do mesmo!

Deixem as escolhas certas a quem de direito: As CRIANÇAS








Uma visita MUITO especial...


 Estavamos em Pulgas, a nossa amiga Sofia vinha brincar para a nossa escolinha!
A tarde foi bem animada, com muitas gargalhadas.

Obrigada Sofia .
E obrigada pelo lanche partilhado.










Horta.

 Bem parece-me que esta prontinha!
Alface,couve tudo bem fresquinho e pronto a crescer..


Já estou cansado mas parece-me que do outro lado algures escondido no meio dos limões está uma bola..Estou capaz de correr até á bola!

Mas...

Acreditem, ou não eu já vi este pirata a correr atrás de mim.

Quanto mais eu lhe digo anda ...anda menos ele se meche?!

Mas como?!!

15 março 2015

The Waving Song - Helen Doron



Adoramos Inglês , e o Metodo Helen Doran cativa-nos á muito tempo, com ele temos aprendido    muitas palavras.


Bebés bilingues são mais inteligentes. A capacidade mental de uma pessoa é moldada, não só pela sua predisposição genética mas também pela estimulação mental extremamente precoce, que conduz à criação de caminhos neurais. A introdução de uma segunda língua o mais cedo possível é a melhor forma para desenvolver estes caminhos neurais e aumentar a capacidade para o desenvolvimento intelectual.

Canta,Canta amigo Canta

E cá esta..

Antes do grande passeio , até ao parque e mesmo com toda a timidez do Rodrigo que passa dia cantar o Amigo , na hora certa no minuto exato o clik par o video

Afinal a quem pertence o chumbo?!


Felizmente as estruturas de Educação já estão mudar ,os colègios Jesuitas Espanha decidiram dar o exemplo e toca mudar tudo , nada de avaliaçoes e muitas novas mudanças...Concluíam que os alunos de hoje aborrecem-se com o atual sistema de ensino ( http://nr.news-republic.com/Web/ArticleWeb.aspx?regionid=7&articleid=37142947#.VPtijNk-7kA.facebook)

Ora vai que a Finlandia vai na boca do Mundo pelo seu sucesso, os ultimos esclarecimentos publicos do grande revolucionario dizem que por la avaliçao so aos 18 anos...e eles sao um sucesso não so nível escolar mas na formação como pessoa..

Escolas Waldorf vão crescendo um pouco por todo lado e no nosso país também, alguns infantarios crom inspiraçao waldorf , metodos livres de aprendizagem, ao verificar o sucess junto dos mais pequenos
 Nos Estados Unidos, as melhores universidades costumam aceitar com preferência os ex-alunos Waldorf, pois sabem que se trata de jovens diferenciados, com uma vasta cultura, com capacidade de concentração e aprendizado, e alta criatividade.

 Já no Brasil mais uma vez se avança e o inicio da escola primária será aos 7anos, otimo ninguém pode exigir maturidade a um pequeno ser que acaba de completar 6 anos para se sentar por longas horas numa mesa de trabalho .Onde em momento algum nasceu o interesse onde em momento algum foi trabalhada a mtivação...

O numero de horas de estudo(trabalho) de uma criança é por vezes superior ao dos seus pais.

Vamos acreditar que as coisas estão a mudar!

Deixo o relato do caso do João, dá que pensar...ou ajuda!

Os pais iam à escola regularmente e o diagnóstico era sempre o mesmo: o João não quer trabalhar, é imaturo e não está a conseguir alcançar os objectivos

O João andava no jardim-de-infância desde os três anos. Todos os anos, as avaliações eram excelentes: muita criatividade, talento especial para desenho, empenhado e alegre. Sabia identificar as cores, os números, algumas letras, escrevia o seu nome, o do pai e o da mãe, e já sabia muitas outras coisas. O João era feliz e os pais do João iam trabalhar descansados todos os dias. Aos seis anos, o João entrou na escola a sério. Demorou a perceber que agora era mesmo a sério. Era muito imaturo, diziam. Passou o primeiro período sem sobressaltos, mas no segundo deixou de ser o menino feliz que sempre foi. Fazia birras para ir para a escola e detestava os trabalhos de casa. Os cadernos eram um espelho da sua má disposição.
Passou para o segundo ano e a escola tornou-se ainda mais a sério. Tinha de saber mais coisas, tinha mais trabalhos de casa e os testes eram bem mais exigentes. A leitura era o seu ponto fraco: não lia à velocidade que o professor queria. Da escola, só gostava do recreio. Os trabalhos de casa ficavam vezes de mais por fazer e os pais já não iam trabalhar descansados todos os dias. O João não conseguia acelerar a velocidade de leitura e até na matemática, onde sempre teve facilidade, começava a fraquejar. Nos ditados de palavras, ficava sempre nos últimos lugares.
Os pais iam à escola regularmente e o diagnóstico era sempre o mesmo: o João não quer trabalhar, é imaturo e não está a conseguir alcançar os objectivos. Precisa de mais apoio e de mais trabalho. O João era o primeiro filho e os pais pensavam ingenuamente que era na escola que se encontravam as estratégias para motivar os meninos como o João. Eles não tinham muito tempo para lhe dar explicações e, as poucas vezes que tentaram, perceberam que não tinham qualquer talento para ensinar. Aqueles minutos em que se sentavam com o João para o ajudar a estudar eram os piores das vidas de cada um deles. Perante este cenário, a pressão da escola e a frustração do João, resolveram esticar o orçamento familiar e, em vez de irem ao cinema e à marisqueira do bairro, contrataram uma explicadora. Quinze euros à hora, três horas por semana.
O João melhorou, mas também a explicadora se queixava de que ele não lia à velocidade exigida para a idade. O melhor era pedir um relatório a um psicólogo. Mais 150 euros. O João não acusou nada de especial. Apenas que não sabia pronunciar bem os “l” e os “lh”. A sua vida era a escola e os pais só lhe falavam das notas, dos trabalhos de casa e dos castigos que lhe aplicariam se ele não atingisse os resultados. No entanto, o João falhou os testes intermédios do segundo ano e o professor avisou os pais de que ele ia repetir o ano. O João chumbou. O João faz parte dos 150 mil alunos que chumbaram naquele ano. Simples: o João era imaturo e, por mais que tentasse, não conseguia desvendar o som das letras à velocidade que o professor queria. E pior: ninguém lhe dizia como. Apenas o repreendiam e repetiam as mesmas explicações, como se o problema dele fosse auditivo.
Não, a culpa de o João chumbar não era dele. E também não era dos testes nem das avaliações que tantos conseguiram passar. O João só chumbou porque não conseguiu aprender. E ele só não conseguiu aprender porque não o souberam ensinar. Enquanto, nas escolas, não existirem estratégias diferenciadas conforme os alunos e as dificuldades e enquanto se ensinar para a nota em vez de se ensinar para os alunos aprenderem, haverá sempre mais chumbos. E a solução não está em acabar com as avaliações ou com os exames. A solução está em analisar os exames e as avaliações como verdadeiras provas para os professores e para as escolas, de modo a que se consigam encontrar planos para responder aos milhares de meninos como o João. Os alunos só falham porque alguém anda a falhar com eles. Sim, o João chumbou, mas quem falhou foi a escola.

fonte:www.inonline




12 março 2015

A não perder


08 março 2015

Fantasmas nas nossas camas pela Dra LAura Sanches



A menina não quer dormir! Bate o pé logo pouco as das 7h00.
A menina não quer drmir titi, ora fecha um olho ora outro abre...

 Se a menina não quer...não quer...


Com este video da resistencia ao sono da nossa Menina fica texto da Dra Laura Sanxes Psicologa ( http://www.espaco-vida.com/espaco/espaco.htm#cvlaura) amavelmente cedido para partilha ca no blog

     

                 Fantasmas nas nossas camas - Pais que dormem com os filhos

Há pouco tempo li uma entrevista de uma conhecida especialista do sono que criticava o facto de, segundo ela, haver casos de adultos com trinta anos a dormir com os pais. E, segundo a própria, isso começava, é claro com o problema dos pais não os terem ensinado a dormir sozinhos em crianças.
Então há aqui várias coisa que merecem ser questionadas. Em primeiro lugar, a velha crença de que precisamos de ensinar as crianças a dormir. Aqui estou plenamente de acordo com o pediatra Carlos Gonzalez quando afirma que não se ensina ninguém a dormir. Tudo que podemos fazer é criar as condições ideais para que uma criança durma e essas condições podem variar um pouco mas há uma que será fundamental em todos os casos: segurança. Porque dormir é uma espécie de abandono. Para dormir precisamos de ser capazes de abandonar o mundo, sabendo que ele estará seguro e o voltaremos a encontrar quando acordarmos mas, acima de tudo, precisamos de nos abandonar a nós. Ninguém decide adormecer, ninguém controla racionalmente o sono. Se assim fosse não teríamos tantos problemas de insónias. Dormir é simplesmente algo que deixamos que aconteça e, para que isso aconteça, precisamos de estar tranquilos e seguros. Muitos adultos têm insónias justamente por falta de segurança: porque não conseguem parar de pensar nos problemas do trabalho, ou nas contas para pagar, ou na discussão que tiveram com o marido ou mulher nesse dia.

Porque para dormir precisamos acima de tudo de confiar: precisamos de confiar que o mundo estará cá de manhã quando acordarmos e que tudo irá estar bem e precisamos de confiar que não nos acontecerá nada de mal enquanto estivermos nesse estado de inconsciência que é o sono e que implica alguma vulnerabilidade, até mesmo do ponto de vista físico. Qualquer animal, para dormir, procura um sítio seguro e qualquer mamífero procura sítios seguros para as suas crias dormirem, porque sabem instintivamente que dormir é um estado vulnerável. 

E, de um ponto de vista mais fisiológico, para dormir precisamos de desligar o nosso sistema de alerta, precisamos de ser capazes de desligar o sistema de resposta ao stress que se activa sempre que nos sentimos perante uma potencial ameaça e que nos impede de dormir, excepto quando já estamos num estado de total exaustão, porque dormir seria ficarmos vulneráveis aos perigos.
Então, enquanto pais a única coisa que podemos fazer para que os nossos filhos durmam é criar um ambiente seguro. E essa segurança pode ser diferente de criança para criança. Os bebés precisam de mais contacto físico mas, por vezes esse contacto pode não chegar. Alguns bebés precisam também de movimento e isso não está errado. Muitos pais se questionam o que estarão a fazer de mal porque os bebés, para além de precisarem de colo para adormecer, também precisam de ser embalados. Isto é natural, o embalo recria as condições do útero onde o bebé se sentia tão bem e, por outro lado, o embalo activa mesmo determinadas partes do cérebro que detectam o movimento e que, só assim, podem produzir uma sensação de relaxamento e tranquilidade, desligando o tal sistema de alarme. Por algum motivo um movimento típico das crianças autistas ou com outros problemas de desenvolvimento é aquele movimento do corpo para trás e para a frente, como se se estivessem a embalar a si próprias. Isto acontece porque a criança encontra neste mecanismo algum tipo de controlo dos seus estados de stress e uma forma de reduzir um pouco a sua tensão. Este movimento também se via muito nas de crianças institucionalizadas a quem não era permitido nenhum tipo de contacto físico.

Talvez este mecanismo seja fruto da herança genética que partilhamos com outros mamíferos que andam a maior parte do tempo agarrados às suas mães, ou talvez seja herança dos nossos próprios antepassados que também estavam muito mais em movimento, porque andavam muito mais ao colo do que nós. O que é certo é que, o facto de ser universal que o movimento acalma os bebés significa que isto não pode estar errado. Logo também não será errado dar a um bebé aquilo que ele precisa. E poderá haver dias em que isto faz mais falta do que noutros, ou crianças que precisam mais desse movimento do que outras porque não somos todos iguais e não nos sentimos sempre da mesma forma.

Por outro lado também há crianças que precisam de mais contacto físico do que outras e crianças que continuam a precisar dele por vários motivos. Então, se a criança, precisa deste contacto o que é que ganharemos em tirar-lho? Apenas mais insegurança.

Outra coisa em que também é preciso pensar quando falamos de pais que dormem com os filhos é que, apesar de tudo, existe uma diferença grande entre os pais que dormem com os filhos por opção e aqueles que o fazem porque sentem que não têm outra alternativa.

Em tempos falava de co-sleeping com uma colega que trabalha num serviço de pedopsiquiatria e ela dizia-me que, nesse serviço, todas as crianças dormiam com os pais. Isto é um argumento muitas vezes usado pelos médicos que lidam com muitas famílias disfuncionais e que constatam que esta é uma realidade dessas famílias. Mas, aqui, precisamos de pensar que a partilha de cama dessas crianças com os pais não tem necessariamente de ser a culpada dos problemas da criança: antes pelo contrário, o que acontece é que, nestas famílias, existem outros problemas que esta partilha de cama pode ajudar a minimizar. Por um lado se a criança tem algum problema de relacionamento ou de desenvolvimento é natural que isto lhe cause alguma ansiedade e alguma insegurança, então também é natural que essa criança não queira ficar sozinha de noite, um momento de maior vulnerabilidade. E, por isso, o mais natural é que procure o conforto do corpo dos pais, para se sentir mais segura e protegida. Por outro lado, se os pais também sentem que há algo que não está certo com a criança, se sentem que a sua relação com ela não funciona bem também podem querer dormir com a criança como forma de se sentirem um pouco mais tranquilos em relação a isso. Sim, porque os adultos, por vezes, também precisam desse contacto físico para se sentirem seguros.

E, depois os efeitos da intenção com que se partilha a cama com uma criança também são muito diferentes. É diferente o caso de um pai que partilha a cama com o filho porque sente que esta é a única forma de conseguir descansar ou um pai que partilha a cama com o filho por opção e porque sente que esta é uma forma positiva de relacionar com a criança. No primeiro caso o que acontece geralmente é o sentimento de culpa e de medo. Na verdade as famílias em que os pais dormem com os filhos são muito mais comuns do que aquilo que se pensa mas, o que acontece, é que justamente por causa desta culpa e deste medo associados à vergonha, as pessoas acabam muitas vezes por esconder este comportamento.

Então é muito importante que se desmitifique esta ideia de que a partilha de cama é culpada de coisas muitos graves no desenvolvimento das crianças. E é fundamental que os pais percam o medo de dormir com os filhos.

Muitas vezes os pais de crianças mais crescidas perguntam-me se acho que ainda podem dormir com os filhos, dizem-me que os filhos não querem dormir sozinhos e fazem-no, quase sempre, com este misto de culpa e de vergonha de quem acha que fez alguma coisa de errada. A resposta que dou normalmente nesses casos é que, se a criança precisa realmente daquele contacto será muito mais prejudicial negá-lo do que dar-lhe simplesmente aquilo de que ela precisa - livres de culpa e de vergonhas - até que um dia ela deixe de precisar.

É verdade que um bebé precisa mais de contacto físico e da nossa presença do que uma criança mais velha. Também é verdade que será natural que uma criança mais velha consiga mais facilmente adormecer sozinha que um bebé. Mas o facto de isto ser o mais esperado não quer dizer que tenha de ser forçado. Todas as crianças têm necessidades diferentes. Há uns dias ouvi uma frase do educador do meu filho com que me identifiquei e que faz todo o sentido aqui, a propósito de outra coisa, ele dizia que não era apologista de autonomias forçadas. E realmente não se pode mesmo forçar a autonomia de uma criança. Ainda por cima as crianças são muito mais atentas aos sentimentos e às expressões não verbais mais subtis do que os adultos, isto significa que, uma criança que precisa de dormir com os pais que se sentem culpados de o fazer, sente essa culpa e acaba por interiorizar essa vergonha. Um pai que acredita que há algo de errado com o seu filho por não conseguir dormir sozinho, acaba por transmitir ao filho essa visão fazendo com que, por sua vez, esse filho acabe por interiorizar que há algo de errado consigo. Por sua vez isso acaba por gerar ainda mais insegurança, ansiedade e vergonha e, mais uma vez, procurar o conforto do corpo dos pais pode ser justamente uma maneira de minimizar o desconforto provocado por esses sentimentos.

Então, a única solução, será confiar nos nossos filhos. Saber que não é negando as suas necessidades que estas algum dia irão desaparecer.

Mais uma questão em que este artigo me deixou a pensar foi esta: e porque será que queremos assim tanto que estas necessidades desapareçam? Porquê esta necessidade de querermos afastar os nossos filhos de nós? Porquê este medo da dependência e estes fantasmas da autonomia que assombram tantas casas por aí? 

Ao ler este artigo lembrei-me da abertura de um livro do Kabat-Zinn - Everyday Blessings - que descreve a noite em que um dos filhos voltou a casa depois de ter passado a sua primeira temporada na faculdade e os pais já estavam deitados. Kabat-Zinn descreve de forma comovente a maneira como o filho foi ter com eles ao quarto e se deitou, na cama dos pais, ao comprido, em cima deles e abraçando os dois ao mesmo tempo. Nesse livro, comovente e inspirador, ele descreve esse como um dos momentos mais ricos e significativos na sua vida de pai. E fala da felicidade de sentir aquele corpo, daquele jovem adulto - que ele diz que, em bebé, carregou nos seus braços durante todo o tempo que lhe foi possível -  e da felicidade de sentir que existia ainda essa intimidade entre os dois e de sentir que esse reencontro o deixava a ele tão feliz como aos pais. Confesso que esta  imagem do filho crescido deitado em cima dos pais que estavam na cama me comoveu e marcou desde o dia em que a li e pensei que gostaria muito de ter essa relação com o meu filho, um dia, quando ele for crescido.  E, quando li este artigo foi uma das imagens que me veio à memória e que me fez perguntar que tipo de relação é que queremos ter com os nossos filhos afinal? Uma em que eles sintam que os pais estão tão distantes e afastados que mal podem tocar-lhes ou outra em que, mesmo adultos, sintam que é possível ter a proximidade e o conforto de um abraço daqueles que só damos às pessoas mesmo especiais para nós. Porque é através do corpo que damos e recebemos afecto. É através do corpo que estabelecemos relações e dormir com alguém ou simplesmente estar um pouco na cama de alguém pode ser uma maneira muito íntima de expressar esse afecto. Então, se queremos ter uma relação verdadeiramente próxima e significativa com os nossos filhos, porquê negar-lhes esse contacto?
Porque é que, para tantas pessoas, é tão chocante pensar num adulto de trinta anos a entrar na cama dos pais