20 janeiro 2016

Vamos fazer uma revolução para crianças?


Por vezes dou por mim a pensar porque nao pensei em seguir uma outra coisa qualquer...
...exatamente por isso..porque nunca pensei senao  nisto tudo e muito mais!
Tem dias que me pergunto se é o correto, se é o método, se o amar por si so é o suficiente ...se simplesmente mostrar-vos o caminho sera o ideal..

Tem dias que a birra ganha proporçao que me faz parar e repensar estratégias..
Tem dias que obrigatoriamente vos levo comigo o resto da noite no corao ...

Tem dias que o corao e a razao precisam de se unir e serem mais fortes na possível duvida?!

Meus queridos Little People tem dias que me chegam textos como estes e me enchem de orgulho de cada um de voçes e o meu corao quase explode ...

Voçês nao sao os meus Little People voçes sao os meus abelhudos”!


Força na revoluçao , aguentem-se Papas e Mamas!






3. Queremos um mundo de crianças que “tirem do sério” os pais. Daquelas que os vencem pelo cansaço e que se entregam, com paixão, a qualquer tira-teimas. Mas que nunca desistem de ser crianças! O que só é possível quando os pais não se esquecem dos filhos que foram. 


5. Queremos um mundo de crianças que façam asneiras! Mesmo que, convictamente, as façam “sem querer”! E onde se portem mal e ponham problemas aos pais. Mas crianças educadas!


6. Queremos um mundo de crianças “abelhudas”. Daquelas que se perdem, pelo menos, uma vez. Mas que são prudentes, autónomas e despachadas

Os pais não podem repetir que tiveram uma infância mais despreocupada, mais livre e mais feliz que a dos seus filhos, sem que tirem as consequências que devem de tudo isso, mudando seja o que for, para melhor, na vida das crianças. Nem podem reconhecer que estudavam menos e que brincavam mais, ao mesmo tempo que dão a ideia de estar indiferentes ao modo como nada disso parece chegar para interpelarem a escola e a mudarem.
Eu acredito que são as pessoas que mudam o mundo. Mas reconheço que ele também adoece e se “constipa”. E que hoje, mais do que nunca, em relação à vida das crianças, ele precisa de ganhar em sabedoria, precisa de mais coração e de voltar a ter um rosto humano. Precisa de deixar de se preocupar, obsessivamente, com o seu futuro, enquanto, por distração, lhes estraga o presente. E precisa de deixar de as imaginar como “produtos normalizados”, não permitindo que sejam – como têm de ser! – na vida como na escola, mais singulares e desiguais.
Eu acredito que conhecer nos dá à luz. Mas que é com as memórias indispensáveis, tecidas por pessoas preciosas, que se lê o mundo. E é com elas que este “primeiro, aprende-se, e, depois – logo se vê – talvez se viva...” (que domina, hoje, tristemente, a vida das crianças) irá morrendo, todos os dias, um bocadinho. E que só assim as crianças serão mais felizes e mais crianças. 
Eu acredito que “sempre que um homem sonha” o mundo não pula nem avança. Porque os sonhos que se sonham são muito privados e quase solitários, até. Mas os sonhos que se repartem, e se costuram com paixão, a várias mãos, ficam mais simples e mais bonitos. São uma espécie de: “Sim, nós queremos!”, com que se junta aquilo que de precioso a memória nos dá e as convicções com que a sabedoria nos aconselha. É disso que as crianças precisam por parte dos pais: duma revolução tranquila que lhes dê o futuro sem lhes tirar o presente!
É por isso que acredito que podemos começar a mudar o mundo por aquilo que mais nos une: o mundo pula e avança quando muda o modo como vive cada criança! E é por isso que vos proponho que nunca nos cansemos de afirmar que:
1. Queremos um mundo onde as crianças continuem a compreender que, muito mais que a técnica, o melhor do mundo são as pessoas! (E que, por isso, devia ser proibido, nas refeições de família, tablets, televisões e telemóveis. Aliás, devia haver RESTAURANTES AMIGOS DA FAMÍLIA, daqueles que, à porta, não deixam de recomendar que não se use qualquer objeto que afaste as pessoas do olhar umas das outras.)
2. Queremos um mundo onde as crianças nunca deixem de ter tempo para serem crianças. Onde a família esteja antes da escola e o estudo de braço dado com o brincar! E onde o direito ao tempo livre seja sagrado, já que ele é o lugar onde a infância se apura e engrandece e onde a fantasia se alimenta e robustece.
3. Queremos um mundo de crianças que “tirem do sério” os pais. Daquelas que os vencem pelo cansaço e que se entregam, com paixão, a qualquer tira-teimas. Mas que nunca desistem de ser crianças! O que só é possível quando os pais não se esquecem dos filhos que foram. 
4. Queremos um mundo onde as crianças não se movam em bicos dos pés, nem queremos que mexam “nos intestinos das coisas” com as pontas dos dedos! Queremos um mundo de crianças que ocupem espaço mas que sejam delicadas, e que não andem pela vida nem conheçam como quem faz cerimónia.
5. Queremos um mundo de crianças que façam asneiras! Mesmo que, convictamente, as façam “sem querer”! E onde se portem mal e ponham problemas aos pais. Mas crianças educadas!
6. Queremos um mundo de crianças “abelhudas”. Daquelas que se perdem, pelo menos, uma vez. Mas que são prudentes, autónomas e despachadas.
7. Queremos um mundo de crianças que brigam. Daquelas que acabam sempre a dizer: “Quem começou, foi ele!”. Porque as brigas arejam a alma. E é com ela que a vida se ama e se descobre. 
8. Queremos um mundo onde as crianças pensem com o coração e com o corpo. Onde o corpo não seja um adereço e a cabeça não sirva, unicamente, para imitar e repetir. E onde a vida se invente e se conheça sempre que, alguém pelas crianças, a vire do avesso.
9. Queremos um mundo onde as crianças acreditem em bruxas, duendes, fantasmas e papões. E onde os heróis e as personagens das histórias sejam “pessoas reais” que deem forma, argumentos, enredos e histórias àquilo que se sente mas não se vê e a tudo o que se vendo não se sente. 
10. Queremos um mundo onde as crianças se continuem a sujar enquanto aprendem. Um mundo que as deixe contar pelos dedos e falar pelos cotovelos. Onde tenham tinta nos dedos e chapinhem na lama ou brinquem à chuva. Porque um mundo de crianças uniformizadas e atiladas é uma milícia de assustados e nunca um vendaval com que se ama o futuro. 
11. Queremos um mundo onde as crianças corram e corram, e brinquem na rua! E onde esfolem os joelhos, pelo menos, todas as semanas. E onde se magoem, claro. Para que os pais façam de mágicos, a seguir, quando acolhem uma dor e a sossegam com o furor de um só beijinho.
12. Queremos um mundo onde as crianças se possam irritar. E onde façam birras e possam agredir. E enquanto ligam fúria e frustração, aprendem a dizer não, de olhos nos olhos, com lealdade e maneiras.
13. Queremos um mundo onde às crianças não se poupe toda e qualquer dor. Alguma dor faz bem à saúde! Mesmo que um sofrimento tenha a ver com uma desilusão, das mais pequeninas. E onde qualquer pequena dor não seja considerada um imenso traumatismo. É verdade que as dores nunca são nem justas nem necessárias. Mas é também verdade que são as pequenas dores (duma espera que se estica, duma revolta que nos pontapeia ou dum mundo que nos desconsidera) que dão o sal com que se vai de sabichão à sabedoria.
14. Queremos um mundo de crianças que corram riscos! Pelo menos, um ou outro, dos mais pequenos, de vez em quando. Um mundo onde as crianças entendam que um risco serve para olhar o medo de olhos nos olhos e para desafiar a sensação, desconfortável, de ser pequenino.
15. Queremos um mundo de crianças que não sejam nem exemplares nem adultos em miniatura. E que tenham, de entre todas as habilidades que orgulham os pais, o imenso talento de serem crianças: com a cabeça no ar, a vista na ponta dos dedos e com língua de perguntador. Um mundo onde as crianças sejam só crianças. Um mundo em que elas errem. E onde se engasguem e tenham dias maus. E onde tenham “quotas de parvoíce” que nunca se cansem de desbaratar.
16. Queremos um mundo onde as crianças acreditem no sonho e na paixão! Um mundo onde – pelo silêncio com que reage e pelo medo com que não se opõe àquilo em que acredita – nunca se fique, em relação a elas, pelo “podemos”. Porque é com cada “sim, nós queremos!”, a propósito daquilo que acreditamos ser o melhor para elas, que o mundo se conforta e a vida se abraça. Um mundo que se constrói com o melhor da infância dos pais: mais despreocupado, mais livre e mais feliz! Mas um mundo com futuro e com presente.

LEIA OUTRAS CRÓNICAS DO PSICÓLOGO Eduardo Sá:







Para! Concentra te na minha voz ...encontra-me! Confia...

Para! Concentra te na minha voz ...encontra-me! Confia...

Tendo confiança em si própria e com auto estima elevada a criança será capaz de enfrentar obstáculos e frustrações do quotidiano, e consequentemente podendo se destacar no meio social. 
A auto estima positiva é requisito básico para uma vida satisfatória de todo indivíduo. É através dela que conseguimos traçar Objectivos e concretizá-los

Tu és especial..

Hoje trouxe uma coisa especial...(titi)
O que é?
Um coração.(titi)
De amor?!
Sim.(titi)
Foram as fadas que mandaram?

Sim e disseram que dentro deste coração tem uma ""coisa" especial, muito muito especial..a coisa mas fantástica de todas
( titi)...

O Peter Pan?!
as turtles?

Muito mais fantastico e especial!!!

E vocês conseguem advinhar o que(m) é?!





18 janeiro 2016

A farsa (e a afronta) dos rankings escolares por Mário Cordeiro


A farsa (e a afronta) dos rankings escolares

Os rankings escolares não querem dizer nada de nada. Desculpem ser tão frontal, mas não o afirmo enquanto pai ou mero cidadão. Afirmo-o como profissional.
Os rankings escolares não querem dizer nada de nada. Desculpem ser tão frontal, mas não o afirmo enquanto pai ou mero cidadão. Afirmo-o como profissional, encarregado de ensinar, aos meus alunos, como se devem ler os dados estatísticos ou, antes disso, como recolhê- -los, agrupá-los e compará-los. E se há coisa que na ciência é lei (e é ética), é nunca comparar o incomparável, para lá das questões relativas aos vieses de amostragens, indicadores, definição de caso, etc.
Mas não quero estar aqui a maçar ninguém com uma aula de Epidemiologia. Vamos aos factos. Os malfadados rankings limitam-se a referir quais as escolas de que mais alunos entraram na universidade. Mesmo que este critério valesse estatisticamente, extrair conclusões era errado porque podiam os alunos de uma determinada escola, por exemplo, ter entrado em faculdades em que se entra com médias baixas, e outra ter tido menos alunos na faculdade mas os alunos desejarem cursos que obrigam a notas elevadas. Numa versão mais “pós-modernista”, os rankings “apoderaram-se” das notas dos exames do 4.o, do 6.o e do 9.o anos, e, mesmo sendo exames nacionais, reflectem apenas algumas disciplinas (Português e Matemática, essencialmente), que podem ser ensinadas de modo diferente, que são uma fracção do total e portanto nada quer dizer sobre o resto da escola e das competências do aluno.
Todavia, muito pior que este erro é considerar-se à partida que o objectivo do sistema de ensino/aprendizagem é “entrar na faculdade” ou “ter boas notas”. É muito pobre. Demasiado pobre. Porque se, por absurdo, fosse apenas isso que se deseja, não seriam necessárias escolas – cada um estudaria em casa, isoladamente, ao seu ritmo e faria um exame final. Para quê então o ensino obrigatório? Será curioso, aliás, numa análise mais criteriosa, olhar para os dados “sociais!” que só surgem para as públicas e em que as assimetrias são mais que evidentes.
Por outro lado, compara-se o incomparável: é o mesmo que dizer que Lisboa é melhor que São Mamede da Infesta porque tem mais gente, ou que o Porto é melhor que Bragança porque tem um rio. Não tem pés nem cabeça. As escolas não são melhores por terem alunos com melhores médias (até porque são juízes em causa própria, dado que forjam – é inútil negar, todos o sabemos – parte dessas médias através do método de classificação)... ou forçam, algumas delas, os alunos a trabalhar como cavalos de corrida, esquecendo a vertente de formação humana, as actividades lúdicas e o descanso e vida em família. Aliás, é curioso ver algumas escolas que defendem ideais “religiosos” e apregoam o valor da família não se importarem nada com sacrificar os escassos momentos em que a família poderia estar junta para minar a relação pais/filhos com os malditos TPC em dose cavalar.
São melhores as escolas que permitem um ensino variado e inclusivo, em que os alunos progridem, se motivam e gostam de estar. Não esqueçamos: a realidade social do país é muito desequilibrada, plena de assimetrias e de desigualdades, nomeadamente quanto ao apoio que os alunos têm em casa, em livros e outros meios, em explicadores, acesso à internet ou materiais pedagógicos, pelo que será melhor, em termos de pessoa, cidadão e futuro profissional, um aluno que consegue transcender-se, estudar sem grandes apoios e fazer das tripas coração que um que tem explicações de tudo, a quem nada falta e é levado ao colo toda a vida escolar.
Finalmente, os rankings são muitas vezes publicidade enganosa para algumas escolas privadas manterem elevados níveis de propinas, sobretudo numa altura em que as crianças desertam das privadas para as públicas, ou para começarem (continuarem) a formar futuros dirigentes, administradores e decisores que pertencerão a determinados lóbis e classes de poder – do poder “semi-invisível”, dado que a maioria dos dirigentes que são mesmo competentes, como demonstrou um estudo da Universidade do Porto, frequentou maioritariamente escolas públicas! Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva, António Guterres, Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Passos Coelho, António Costa, Francisco Louçã, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa… que eu saiba, pelo menos todos estes frequentaram a escola pública.
Ao escrever este comentário, estou perfeitamente à vontade dado que os meus filhos frequentam uma escola que ficou no top das públicas. Mas por isso mesmo é que, conhecendo a realidade e a maneira como estas listas são elaboradas, não tenho qualquer problema em denunciar os rankings.
Senhor ministro da Educação, acabe com esta mistificação. Será uma das provas de que encara o sistema de ensino/aprendizagem de uma forma inovadora, e científica e socialmente decente.
PS: O problema dos auxiliares... ou da falta deles
Ainda à consideração do senhor ministro e das autarquias responsáveis pelas EB1: os auxiliares de educação não têm força sindical, não têm tempo de antena em prime-time e ganham resvés o ordenado mínimo. Contudo, são peças fundamentais da escola, designadamente na orientação e apoio aos pais e às crianças, na supervisão dos recreios, na prevenção da violência e do bullying, no apoio aos alunos que se sentem mais tímidos, que acompanham nas idas aos refeitórios ou à casa de banho. São de uma dedicação extrema. Passados os dois primeiros dias conhecem as crianças pelo nome próprio e sabem quem são os pais e quem está autorizado a ir buscar os alunos.
Infelizmente são muito poucos. Nem é preciso dizer mais. As consequências são muitas, no sentido negativo. Há que olhar mais atentamente para esta realidade que não faz manchetes no telejornal das oito e dotar as escolas de um número decente destes preciosos agentes educativos.
Pediatra ~Mário Cordeiro 
Mário Cordeiro                                                                15/12/2015


17 janeiro 2016

All of Me...




Ensinarás a voar…
Mas não voarão o teu voo.
Ensinarás a sonhar…
Mas não sonharão o teu sonho.
Ensinarás a viver…
Mas não viverão a tua vida.
Ensinarás a cantar…
Mas não cantarão a tua canção.
Ensinarás a pensar…
Mas não pensarão como tu.
Porém, saberás que cada vez que voem, sonhem, vivam, cantem e pensem…
Estará a semente do caminho ensinado e aprendido!

Madre Teresa 


                   

13 janeiro 2016

Resiliencia

O desenvolvimento da resiliência durante a infância


Entrevista por Fernanda Ortega sobre o tema da Semana Mundial do Brincar “Para ter criatividade, resiliência e coragem é preciso brincar!”
Ricardo Ghelman – pesquisador, pediatra e médico da família, especialista em oncologia pediátrica e em medicina antroposófica – aborda, em entrevista para a Aliança pela Infância, o desenvolvimento da resiliência durante a infância e critica o modelo pedagógico predominante na educação básica atual.

Foto ricardo ghelman (namu.com.br)
Médico e pesquisador Ricardo Ghelman (reprodução de namu.com.br)
Como você define resiliência?
Defino resiliência como uma capacidade de enfrentar criativamente a vida, especialmente situações de estresse. A questão é como a pessoa lida, no dia a dia, com os seus desafios. Uma pessoa bem compreensiva, que veja sentido no que está acontecendo, é alguém com maior resiliência, uma pessoa mimada pode se tornar pouco resiliente, por exemplo.
Qual é a importância de desenvolver a resiliência durante a infância?
Só se desenvolve a resiliência durante a infância, que, para mim, é o período de 0 até 21 anos de idade. Resiliência é uma construção até a vida adulta.
E como você caracteriza a infância?
Caracterizo a infância como três infâncias, cada uma é responsável por desenvolver uma das três áreas da psique humana. A primeira infância, de 0 a 7 anos, desenvolve a área motora, comportamental, de fantasia. A segunda infância, que vai dos 7 anos até a puberdade, é mais afetiva. É o período que se desenvolve a inteligência emocional, que é um dos aspectos fundamentais da resiliência. Durante a terceira infância, que corresponde à entrada no Ensino Médio até a faculdade, desenvolve-se absurdamente o lado cognitivo: a capacidade de compreensão.
Como é possível contribuir para o desenvolvimento da resiliência na criança?
Um dos aspectos da resiliência é a personalidade inata da criança. Tem criança que nasce com uma tendência a ser mais resiliente que outra. Isso não dá para educar, é uma pré-condição, não podemos fazer nada a respeito. A genética influencia a personalidade, mas a natureza da criança – que é o aspecto existencial do ser humano – transcende a genética. Essa natureza é a individualidade da criança. Defino esse aspecto existencial, espiritual ou da individualidade do ser humano, como aquilo que diferencia dois irmãos gêmeos univitelinos com a mesma genética. Sou um exemplo clássico, porque tenho um irmão gêmeo univitelino. É a mesma genética, mesmo pai, mesma mãe, mesma educação, mas são duas pessoas diferentes. Isso rompe completamente com a ideia de que o ser humano seria resultado apenas da genética e do meio ambiente. Há também uma outra personalidade, que é desenvolvida por influência ambiental. Essa é a personalidade educável, que tem a ver com cultura.
“Um adulto travado emocionalmente, pode ter certeza, teve dificuldades na segunda infância”
E o que é possível desenvolver durante a infância para que a pessoa se torne mais resiliente, independentemente de sua personalidade inata?
A resiliência envolve três inteligências: a inteligência comportamental – relacionada à força de vontade e à ação no mundo -, a inteligência emocional e a inteligência cognitiva – que tem a ver com QI, Quociente de Inteligência. É preciso passar por toda infância para desenvolver todas essas inteligências. A primeira inteligência, que tem a ver com a primeira infância – de 0 a 7 anos – dá capacidade de manuseio da vida: saber enfrentar situações e buscar ajuda. A inteligência emocional, ligada à segunda infância, dá significado e sentido às coisas. A terceira inteligência dá capacidade de compreender o mundo. São essas três inteligências que tornam as pessoas inteiramente resilientes.
As três infâncias desenvolvem as três inteligências, mas o lado cognitivo da criança pequena é muito pequeno se comparado o lado cognitivo de um rapaz de 15 anos de idade. O aspecto afetivo é muito forte aos 8, 9, 10 anos de idade, muito mais forte do que quando a criança tem 5 anos e depois quando ela tem 16. Então, um adulto travado emocionalmente, pode ter certeza, teve dificuldades na segunda infância.
Um adulto resiliente é uma pessoa bem formada nos três âmbitos de inteligência, nas três infâncias. Com isso, é possível enfrentar as situações da vida e não ficar mal. Ficar mal significa entrar em conflito por não saber lidar com recursos criativos, nem compreender as coisas, nem ter força de vontade. Essa pessoa fica estressada e adoece. Isso interfere na felicidade e na saúde.
“O grande canal dos professores é a arte, que é um caminho para os sentimentos”.
Que tipo de dificuldade durante a segunda infância tornaria uma pessoa travada?
A experiência de pais muito racionais que educam sem poder falar de sentimentos. O modelo mais tradicional de pais no mundo moderno ocidental é de pais muito inteligentes e sedentários, que, na primeira infância, não brincam com a criança e a deixam na realidade virtual, na televisão e no videogame. Na segunda infância, que é um período afetivo, eles têm dificuldade de falar de sentimentos e repreendem as crianças. Na terceira infância, eles querem explicar o mundo para as crianças, mas elas não são amigas deles. Então, um adulto travado pode ter tido pais que não sabem lidar com sentimentos.
Os professores podem ajudar a combater esse travamento?
O grande canal dos professores é a arte, que é um caminho para os sentimentos. A criança se expressa em pintura e em desenho, por exemplo. Uma criança com câncer não consegue falar sobre a morte, mas ela consegue fazer desenhos sobre a morte.
Isso acontece em todas as três infâncias que você citou mais cedo?
Em todas as infâncias, mas especialmente dos 5 anos e até a puberdade, que é a época que começa a desabrochar sentimentos de amor e ódio em relação ao mundo. O lado artístico aqui é fundamental. Na primeira infância, a arte é uma brincadeira, a criança pinta brincando. Aos 7 anos, a criança tem a parte motora desenvolvida de tal forma que pode aprender um instrumento musical. Nesse momento, a criança tem habilidade para expressar o que está pensando. Até sete anos, a criança não consegue fazer nenhum esporte ou arte direito, ela precisa ter experiências bem livres.

“Os nomes das coisas podem aparecer, mas o objetivo não é que a criança se torne uma nomeadora de coisas”.

O que é mais importante, na primeira infância (de 0 a 7 anos), para a criança desenvolver a resiliência, tendo em vista que durante essa etapa da vida ela desenvolve especialmente a motricidade a partir do brincar?
De 0 até 7 anos, a criança desenvolve principalmente os membros e a barriga. Ela come e dorme muito. As funções vegetativas são muito importantes. Quando a criança está acordada, a consciência dela não é racional. A pior coisa que os pais podem fazer nessa época é conceituar o mundo para a criança perguntando: “Filho, isso é um triângulo?”, “Filho, isso é cor vermelha?”, “Filho, o que é isso? É uma girafa?” Essa é a época da criança fantasiar. Os nomes das coisas podem aparecer, mas o objetivo não é que a criança se torne uma nomeadora de coisas. Isso quebra com a criatividade dela.

“É fundamental desenvolver a percepção na primeira infância.”

Qual o problema de nomear as coisas para as crianças nesse período da vida?
Imagina se toda vez que uma criança vê um ser humano ela diz: “isso é um ser humano”. Se isso acontece, ela nunca vai poder perceber a singularidade de um ser humano. A mesma coisa acontece com as borboletas. A criança precisa ver que uma borboleta não é igual a outra, porque tem um azul especial, por exemplo. Se a criança adere ao conceito “borboleta”, ela nunca vai distinguir uma borboleta da outra. O mundo dela vai virar pastel, ela vai chamar as coisas de leão, borboleta e casinha.
É fundamental desenvolver a percepção na primeira infância. Os sentidos são uma experiência que não tem a ver com conceitos. Pais muito classificatórios têm filhos muito classificatórios.

“Você quer entrar no mundo do seu filho ou quer que ele entre no seu mundo?”

Como não ser classificatório com a criança?
Você precisa entrar no mundo da criança. Por exemplo, uma criança de quatro anos pode, com a imaginação, entrar dentro de uma casinha de brinquedo e inventar uma história. Uma criança de 8 anos vai abrir a casinha no meio para ver do que é feita. Um adulto, para não ser classificatório, teria que entrar no mundo da fantasia, entrar na casinha também e inventar uma história. Quando um adulto está com uma criança pequena, ele tem que deixar de ser adulto e entrar no mundo da criança para poder dialogar.
A grande questão a se fazer para os pais é: “você quer entrar no mundo do seu filho ou quer que ele entre no seu mundo?”. Se a opção for a segunda, a criança vai virar um adultinho. Se você veste a camisa do seu filho, senta no chão, brinca junto e entra numa fantasia de horas e horas, ele fica muito mais feliz. O adultinho tem medo porque sabe tudo o que acontece acompanhando o noticiário do Jornal Nacional. Ele sabe dos perigos e fica antenadíssimo. Quando o pai entra no mundo da criança, ele rejuvenesce e fica mais feliz. Então, não classificar é sair do nosso mundo adulto, racional, pouco motor e pouco artista. Entender o desenvolvimento infantil é desacelerar um pouco e entrar no mundo da criança. É um desafio.
Existiria um passo a passo para os pais seguirem com seus filhos para que eles se tornem adultos resilientes?
Um adulto bem desenvolvido tem bastante capacidade criativa. Um adulto que teve, durante a infância, um impedimento de desenvolver seu lado criativo – que estudou, por exemplo, numa escola muito cognitivista e teve pais muito intelectuais -, não consegue brincar com a criança.
Não existe passo a passo, nem fórmulas, existe a compreensão do que deve ser desenvolvido durante a infância e do que o adulto deve ter para lidar com a infância. Se o adulto, por exemplo, tiver enorme dificuldade com matemática, ele vai lidar muito mal com o filho quando ele entrar no Ensino Médio: esse é o momento em que o filho entra no mundo da lógica, mas o pai não é lógico, não sabe ganhar dinheiro, só sabe criar. Então, esse pai brinca muito com o filho na primeira infância, mas, quando o filho virar mais racional, esse pai vai falar “filho, eu não te entendo”. Então, precisamos fugir das fórmulas.
Uma escola Waldorf privilegia muito o brincar e a arte, mas pode ter dificuldade de lidar com a racionalidade. Claro que isso depende da escola Waldorf. A maioria das escolas no Brasil são cognitivistas, bem conceituais. Nelas, a arte é apenas uma pincelada no currículo. Se os pais colocarem seus filhos nestas escolas, eles precisam se preocupar em desenvolver mais o lado artístico fora de sala de aula.
“A gente educa o que a gente é”.
Que trabalho é possível fazer com os pais para conscientiza-los sobre estas questões?
É importante perguntarmos para os pais: “você brinca?”, “Como está o convívio com os seus amigos?”, “Você só está focado em trabalho?”. Se os pais não tiverem amigos, eles não conseguem ensinar muito o filho a brincar, porque eles não brincam com ninguém.
Há esse lado motor, lúdico, de encontro pessoal, de saber conviver socialmente. Isso tudo é muito importante para os pais saberem conviver com o filho. Pais bem formados educam bem os seus filhos. A gente educa o que a gente é.
Para você, como seria uma educação escolar ideal para que a criança desenvolva a resiliência?
O ideal seria uma salada mista ou um suco misto dos modelos pedagógicos existentes para pegar o melhor de cada um. Não posso defender um métodos pedagógico, só posso dizer que o modelo cognitivista – que é o modelo das escolas tradicionais, baseadas em conceitos – leva à evasão escolar e a uma falta de vontade de aprender. Por que aprender o nome em latim de todos os dinossauros no século XXI? Isso significa sair da realidade e ir para um mundo pré-histórico em que nenhum homem viveu. Hoje, as pessoas querem saber um monte de coisas que não tem a ver com a realidade. Isso gera um grande distanciamento social.
É importante permitir que as crianças tenham experiências: ter contato com a natureza, observar o mundo e aprender por dedução. Há várias escolas que favorecem isso, como as escolas construtivistas, as escolas Waldorf, a escola da Ponte, entre outras. Esses são movimentos de contracultura ao cognitivismo.
“Só pensamos em mudar algo se estamos insatisfeitos”.
Como você acha que seria possível conscientizar o poder público, que em geral deixa a educação de base tão de lado, da importância de um modelo menos cognitivista, menos tradicional, e que trabalhe mais o brincar e a arte?
Um dos pontos fundamentais para influenciar o poder público é embasar essas questões tecnicamente a partir da neurociência. A neurociência mostra que o aprendizado não é só conceitual, o aprendizado envolve o corpo inteiro. A força de vontade – inclusive de aprender – está muito relacionada a neurotransmissores que estão no intestino e são estimulados muito na primeira infância (de 0 a 7 anos) por ritmos, movimentos e brincadeiras. Esse embasamento comprova que uma educação menos cognitivista não é uma ideia de hippies ou de um grupo louco. De outro lado, é importante fazer uma análise crítica do modelo atual. Só pensamos em mudar algo se estamos insatisfeitos.
“A proposta pedagógica não é que se tenha bom caráter, a proposta é formar uma pessoa inteligente para passar no vestibular”.
Qual a crítica que você faz ao modelo de educação atual?
O modelo atual é cognitivista. Quando um pai educa um filho, o que ele quer? Quer que se torne uma pessoa boa? Que tenha senso estético? Ou que seja inteligente? Ele quer que seu filho seja inteligente, esse é o valor da sociedade hoje. A proposta pedagógica não é que se tenha bom caráter, a proposta é formar uma pessoa inteligente para passar no vestibular.
Outro aspecto presente na escola tradicional é o de avaliar e comparar pessoas com notas. Existe a meta de se tornar um ótimo aluno. O modelo hoje forma pessoas inteligentes e competitivas. O que seria um jovem bem-sucedido aos 26 anos? Seria um empresário, ambicioso, que consegue fazer parte da sua formação nos Estados Unidos, mas que não necessariamente vai ter um bom relacionamento humano com as pessoas. Imagine se todo mundo quer se tornar o primeiro aluno da turma desde os sete anos de idade: é a guerra de todos contra todos. Então, temos que analisar qual é a consequência do ensino de hoje e pensar em modelos mais cooperativos e mais integradores. A escola precisa formar pessoas mais humanas.
Além disso, hoje em dia, muitas escolas pensam que o que é moderno é simplesmente colocar computadores para o alunos. Não sou contra o computador, ele pode ser uma ótima ferramenta de aprendizado, mas ele vem de um modelo que privilegia o lado cognitivo. Então, na mesma hora que se coloca o computador na escola, deveria ter aumento na carga horária de artes. O computador gera sedentarismo nas crianças. Tem estudos que mostram que crianças mais alérgicas têm tendência a piorar com falta atividades motoras e físicas. Então, esse modelo sedentarista muda, por exemplo, a constituição imunológica da criança e deixa a criança mais alérgica. As crianças alérgicas precisam suar.
Imagine que toda grade curricular escolar da infância fosse um cardápio de alimentação para tornar um adulto informado. O lado conceitual seria a carne e o lado artístico e motor seriam carboidratos, sementes, fibras e brotos. Hoje em dia, a alimentação básica escolar, fazendo um paralelo, privilegiaria a carne. A carne seria o prato principal e constituiria 70% da alimentação, sendo 30% perfumaria com poucas aulas de educação física e artes. Nessa grade curricular, os conceitos são privilegiados para que a criança chegue no Ensino Médio, passe no vestibular e, em seguida, esqueça tudo. Numa dieta ideal, quanto seria o ideal de carne? Seria 30% de carne, 70% deveria ser carboidrato e outros elementos com oleogenosas, que são gorduras com qualidade. Isso é a alimentação ideal. Existe uma inversão na alimentação e o mesmo acontece na educação escolar.

“Cada uma fica em sua casa assistindo televisão”.

Nesse contexto, qual é a importância de resgatar a importância do brincar?
Valorizo a política do brincar da Aliança pela Infância, por exemplo, porque o brincar é um antídoto contra o excesso de cognitivismo. Uma criança educada por pais muito intelectuais não sabe brincar. Eu vejo isso no consultório todos os dias. São crianças que não conseguem se desligar da conversa do pai com o médico e não conseguem entrar na brincadeira. Isso acontece porque a criança está em um ambiente alerta e intelectual. Estamos vivendo uma crise de infelicidade na infância. Uma criança que não consegue entrar nesse mundo da fantasia não é feliz. Ela é assustada e tem medo. É isso que a gente está formando hoje em dia.
Isso é supertriste. O que é modelo de uma criança feliz? É uma criança correndo, na natureza, rindo, com outras crianças junto, empinando uma pipa. Mas as crianças não têm um espaço público lúdico para brincar. Cada uma fica em sua casa assistindo televisão.


09 janeiro 2016

.Educar Montessori!Educar para a vida

 
Montessori é educaçao para independencia nao só para a escola mas para a ViDa! M.M
Hora do lanche !
 
Participamos ativamente nas tarefas diarias da nossa escola.
Entre todos decidimos quem leva cesta do lanche o Matias como é celiaco leva sempre a sua , que nao consegue abrir iogurte ou o paozinho pede ajuda a um dos meninos mais crescidos..No fim colocamos o lixo no saco e depois é so varrer sendo que a vassoura grande é sempre a preferida
 
 
 
 
 



01 janeiro 2016

não interdite a fábrica de sonhos

..."não desejo que todos os seus sonhos se realizem. Desejo sim que você não desaprenda a cultivar sonhos e não interdite a fábrica que os produz dentro de você. Desejo que você saiba que o sonho em si já é suficiente para inundar um coração...."
..........................................                                                    ......................................................
vai me desculpar, mas nesse ano novo não lhe desejo muitas conquistas. Lhe desejo apenas o aprendizado diário da aprecia...ção do caminho, e que mesmo que as conquistas sejam poucas, isso não importe muito, pois o caminho por si só já é um presente.
Além disso não lhe desejo grandes realizações. Essas coisas grandes demais que para serem atingidas demandam uma ralação da pele, um engrossamento do couro, um esquecimento de si mesmo, uma robotização dos ritmos humanos. Lhe desejo apenas olhos atentos para ver as pequenas conquistas diárias: um sol que nasceu, um amigo que (re)apareceu, um bicho que lhe sorriu.
Também não desejo que todos os seus sonhos se realizem. Desejo sim que você não desaprenda a cultivar sonhos e não interdite a fábrica que os produz dentro de você. Desejo que você saiba que o sonho em si já é suficiente para inundar um coração. E que uma vida com muitas realizações e poucos sonhos não tem graça nenhuma.
Não desejo também para o seu ano novo muita paz. Essa paz mansa, de quem consegue descansar a cabeça, ligar a televisão, se cercar de tudo que é fácil e próximo da mão e achar que o mundo está resolvido. Não lhe desejo essa paz que pode ser a morte em vida, que é uma redoma feita de medos lhe salvaguardando do mundo.
Também não lhe desejo amor. Esse amor que seca, que lhe faz sedento, que é uma busca de algo ou de alguém que lhe sacie, complete, ou que lhe traga vantagens. Não desejo amor para quem ainda não sabe amar, desejo antes outras coisas.
Como por exemplo, lhe desejo individualidade. Que você tenha ou crie tempos para se desenvolver enquanto pessoa, para enriquecer a própria alma. Que você encare a busca do autoconhecimento, sozinho. Porque é a partir do conhecimento profundo de si mesmo que nasce a compreensão profunda do outro. E o mundo parece estar precisando tanto de pessoas que se compreendam.
E por isso também lhe desejo solidão. Porque essa é a nossa condição natural, somos antes de tudo um universo em si. Então desejo que você saiba colorir o seu próprio universo e tenha momentos de profundo prazer na companhia de si mesmo.
Desejo finalmente que você sinta muita paixão, que seu sangue borbulhe, seus sentidos agucem, sua temperatura suba. Mas desejo que você sinta essa paixão avassaladora não por pessoas, mas pela própria vida
http://www.contioutra.com

Vivencias

 
Como pode um so local ensinar tanto?!
 



Sensorial

 
 
 
Mais uma atividade sensoril da pequena Leonor,
 
 
No estágio sensório-motor,a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos físicos que o rodeiam.Nesse estágio o bebê adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações que são controladas por informações sensoriais imediatas.

O estágio divide-se em até seis subestágios nos quais o bebê apresenta desde reflexos impensados até uma capacidade de representar o uso de símbolos.
As principais características observáveis durante essa fase que é até os dois anos de idade da criança são:A exploração manual e visual do ambiente;
A experiência obtida com ações(a imitação); A inteligência prática(através de ações); Ações como agarrar,sugar,atirar,bater e chutar; As ações ocorrem antes do pensamento; A centralização no próprio corpo; Noção de permanência do objeto

Jogos de estrategia

Motricidade fina

                                           O Jogo dos macacos é umSucesso!